manifestantes

Ana Estevens

Iniciei o meu percurso pela Geografia há uns anos quando as questões do planeamento urbano me começaram a chamar a atenção. Fui-me centrando em questões específicias como o ambiente urbano e a reabilitação. Mas a minha insatisfação constante não me permitiu continuar este caminho. Não era suficiente para mim. Não me sentia contente e faltava-me alguma coisa.

Entre o interesse pela Sociologia, pela Arquitectura, pela Antropologia e até pelas artes, eu sou geógrafa e o espaço é o meu objecto principal! Tendo esta base tudo o resto gira em seu redor, como se ali se cruzassem todas as outras funções. Com este cenário consegui voltar-me para mim, para quem sou e para o que quero e penso ser importante fazer. Agir com espiríto crítico e militantemente!

Sinto-me uma privilegiada por poder estar nesta situação. Por poder investigar, poder fazer um trabalho de que gosto e ao mesmo tempo poder fazer dele um manifesto contra a injustiça, a desigualdade, a indiferença, a apatia, a homogeneidade.

André Carmo

Sou um investigador oriundo da periferia de Lisboa, com uma breve passagem por um subúrbio londrino, que não consegue conceber investigação que se limite aquilo que é pensado e produzido no interior das fronteiras disciplinares da Geografia, que não vise transformar o mundo num sítio melhor e, consequentemente, que não tenha como objectivo primordial a satisfação das necessidades humanas.

A  investigação que actualmente desenvolvo incide sobre as relações entre geografia urbana, política e artes.

Aquilino Machado

Geógrafo e investigador, reflectindo uma forte propensão para o estudo da vida no espaço público, e por aquilo que nele melhor se revela: a praxis activa da cidadania urbana. O registo e a tentativa de compreender as pausas e as bruscas intervenções dentro do cenário urbano; o previsto e o imprevisto; as apropriações que nele se desenvolvem e traduzem por uma crescente aquisição de ritmos quotidianos, todas essas matérias perfazem uma temática que desperta a minha curiosidade nos campos epistemológicos da inovação e da cultura.

Porque a cadência que marca as nossas vidas urbanas se traduz por várias intensidades, revejo-me na ideia de que mediante um “urbanismo do quotidiano”, onde haja um lugar para o permanente reforço da consciência cívica e das várias modalidades de participação, será possível fortalecer a reciprocidade e a cooperação das redes que identificam os cidadãos com o território urbano a que pertencem.

Filipe Matos

Francisco Roque de Oliveira




João Mendes

Quis o Destino que tivesse nascido em Portalegre de família orgulhosamente alentejana, sido criado em Lisboa no meio de arquitectos, formado em arquitectura no Porto, vivido na Holanda e canhoto. Quis a Providência que fosse portista inveterado, para tristeza da família.
No Secundário odiava Geografia, era daquelas cadeiras cujo objectivo me escapava. Ao menos em Educação Física jogávamos à bola. Em Geografia o máximo a que podia aspirar era a decorar factos para que fizesse um brilharete numa sessão de Trivial Pursuit para ganhar aquele queijinho em que toda a gente tem dificuldade.
A aproximação à área da Geografia foi surgindo à medida que a curiosidade de perceber como é que as pessoas reagem ao espaço e o alteram se foi deparando com a dificuldade disciplinar da Arquitectura, enquanto Academia, em perceber que o Espaço não é só o que desenhamos mas o que dele fazem, ideia cada vez mais fundada na prática profissional e muitas vezes esquecida por arquitectos perdidos na sua própria genialidade.
Estudo para fazer sentido das relações sócio-espaciais, para que exista responsabilização política e cívica na urbanização do espaço e, sobretudo, para que se perceba que Democracia sem equilíbrio entre direitos e deveres não existe.

Jorge Macaista Malheiros

José Costa Ramos

Nasci em 1955. Três anos depois de eu nascer foi preso  o músico.  Preso e em isolamento, da sua cela saiam  estranhos sons e vozes.  Os companheiros, nas celas ao lado, cuidavam que ensandecia. O músico compunha.

Já eu era crescido quando Carlos Paredes saíu da prisão. Voltou ao hospital em que tabalhava e todos os dias saudava o colega que o tinha denunciado à PIDE. Calculo a vergonha e o perdão.

Acredito na capacidade de mudarmos a nossa condição: para isso precisamos tanto  da teoria como da prática. O músico tinha habilidade no abstracto e só tinha uma maneira de o demonstrar na prática: a sua música… mas ele e a sua música dá-me o que é preciso.

Chamo-me José e acredito em milagres.

José Manuel Reis Correia

Tenho dificuldade em me classificar como Arquitecto ou mesmo Urbanista (apesar de ser a minha prática profissional); Entendo, e Penso que o que define um Ser, é a sua forma de expressão a todos os níveis – assim se define o grau de Integração de cada Ser ao Conhecimento que lhe ofereçe a Vida.
Porque sou um Aprendiz de Arquitecto, Manipulador de Dados e Emfabulador de Estratégias? Porque a Investigação e a Modelação Criativa é um meio para: Interrogar a Natureza [das Coisas]; Compreender a Dimensão Humana; Edificar uma Razão Crítica relativa à expressão do Eu relativa ao Eu-Outro.
E, finalmente, não só acredito em Milagres, como reflito sobre esta máxima que Parménides nos deixou no seu poema-fragmento “da Natureza”:

[…]Vamos, vou dizer-te – e tu escuta e fixa o relato que ouviste –
quais os únicos caminhos de investigação que há para pensar:
um que é, que não é para não ser,
é caminho de confiança ( pois acompanha a verdade);
o outro que não é, que tem de não ser´,
esse te indico ser caminho em tudo ignoto,
pois não poderás conhecer o não ser, não é possivel, nem mostrá-lo […]

Luís Mendes

Luís Moreno

Maria José Aurindo

Mário Vale

Paulo Jorge Vieira

Estudei em Coimbra (Geografia e Pós-Colonialismo) e agora por Lisboa dou continuidade ao desenvolvimento de uma investigação criticamente empenhada que me parece uma exigência maior da cidadania que defendo. Uma cidadania exigente feita das minhas múltiplas identidades: homem não heterossexual, activista feminista e geógrafo crítico.

Os meus interesses de investigação centram em três eixos fundamentais: geografia social e cultural, igualdade e diversidade; estudos de género (masculinidades em especial) e estudos lésbicos, gays e queer; teoria social crítica, história e teoria da geografia com particular destaque para temas como epistemologia, metodologias qualitativas e processos de investigação/participação/acção.

A ciência é para mim antes de tudo uma exigência da cidadania que prezo: uma cidadania informada, crítica e interventiva que é potenciada pelo conhecimento produzido pela campo científico e. com o qual, interage para além das torres de marfim.

Paulo Miguel Madeira

Cresci entre um subúrbio e a cidade, numa família muito politizada, e com uma forte curiosidade sobre o território que comecei a satisfazer nos mapas então acessíveis às crianças, e que foi persistindo. Tornei-me geógrafo, por formação, com actividade profissional quase sempre no jornalismo – uma outra forma de olhar o mundo, que me permitiu ter uma perspectiva diferente sobre as realidades – e recentemente voltei à escola para fazer uma formação mais avançada em geografia.

Gosto de visões de conjunto e de poder articular conhecimentos com proveniências diversas, pois penso que é assim que melhor nos pomos em posição para avaliar por nós próprios. Interesso-me por geografia humana em geral, mas gosto de ter sempre presente que ela se desenvolve em primeiro lugar num espaço físico e tendo a crer que a política (em sentido lato) a determina em grande medida.

Tenho tendência a olhar para muitas questões políticas, económicas, sociais e humanas em geral sob o prisma da justiça, o que me desperta interesse para que a investigação possa, entre outras funções, ajudar a que ela prevaleça. Sei que o conhecimento nunca deixa de ser situado e penso que dificilmente é neutro, e prefiro ter isso em mente do que pensar que o que se diz por aí como sendo algo de adquirido, porque vingou socialmente, é intrinsecamente mais válido. É verdade, gosto também de epistemologia da ciência e de teoria da geografia.

Tudo isto é em grande medida uma questão de cidadania. Penso que o espaço urbano, que é o meu espaço, também tem sido muito mal tratado e que temos (quase) todos vidas piores por causa disso. Não acredito em milagres, mas gostava. Entretanto, manifesto-me.

Pedro Guimarães

Rui Carvalho

Sónia Pereira

Com formação em Economia, aproximei-me da Geografia para estudar migrações. Neste processo, de construção de um posicionamento teórico e analítico multi/inter ou, talvez, trans-disciplinar, descobri a importância do ‘espaço’ nas análises sociais. Trabalho sobretudo as questões associadas às migrações e à mobilidade humana, de forma mais abrangente. Tento ser uma cientista socio-espacial crítica que procura sair da esfera académica fazendo a ponte com a criação formas alternativas de participação e de exercício de uma cidadania activa, alicerçada na investigação.

Soraia Silva

Sou mulher, considero-me uma boa pessoa mas tenho um feitio ‘difícil’, sou muito teimosa, tímida, às vezes ingénua; sou sonhadora mas com uma vida que me obriga a pôr os pés no chão – são estas as principais características que penso que me definem enquanto pessoa.

Sou geógrafa de formação porque decidi que a minha vocação na vida deveria passar por ajudar a gerir o território português, de forma a potenciar o desenvolvimento harmonioso e equitativo do país. O meu objectivo, e tendo em conta a minha personalidade, fez-me apontar para a área económica, nas escalas meso e macro – ou seja, aquilo que considero ser uma das vertentes mais abstractas em Geografia.

Ao fim de quase sete anos a pensar sobre território(s), descobri as pessoas e sinto que este encontro não foi apenas fortuito.

Tiago Figueiredo